João Cardoso Ribeiro nasceu em Faifa, Castro Daire. Vive e trabalha em Lisboa. É licenciado em Argumento pela ESTC (Escola Superior de Teatro e Cinema) e mestre em Ciências da Comunicação em Novos Media e Práticas Web pela Universidade Nova de Lisboa. É professor de projeto e tecnologias de cinema e vídeo na Escola Artística António Arroio e desenvolve o seu trabalho artístico na área do audiovisual.
Este filme centra-se no trabalho de Aldara Bizarro e no modo como conduziu os bailarinos e atores da Companhia Maior num trabalho com várias fases ao longo de 2023, acompanhado pela escritora Patrícia Portela, o músico Noiserv, o artista plástico Fernando Brízio e o desenhador de luz Daniel Worm. Como é característico na metodologia da coreógrafa, a obra baseia-se na pesquisa do que os intérpretes trazem a uma premissa, mergulhando num profundo labor de perguntar, experimentar, descobrir e compor. A vasta experiência de Aldara Bizarro com diversos contextos de criação e apresentação da dança contemporânea, que tem tocado o universo da infância, da juventude, das realidades locais e do corpo filosofante, foi preciosa para articular uma estética do envelhecimento que comporta a maturidade dos corpos num ritual sensorial e intelectual comum e de revelação.
Tal como as nuvens, o tempo e a memória são elementos dinâmicos e, como praticamente todos os elementos naturais que têm alguma forma de movimento, permitem-nos criar não só novas imagens e ideias dentro de nós, mas também nos permitem apagá-las ou simplesmente deixá-las dissipar-se até que desapareçam. Este movimento dinâmico cativa-nos pelas figuras que forma, não só no momento presente quando as observamos ou recordamos, mas também pela possibilidade de novas formações no momento seguinte, em diferentes idades, numa expectativa do futuro e num reflexo do passado.
Este lugar desolado é a imagem de um futuro próximo que já vimos, lemos e imaginámos. Neste lugar, as figuras do acaso são apresentadas numa relação muito estreita entre o céu e a terra. Nada existe entre eles... Esta união é uma realidade evidente que, tal como a crença, nos tranquiliza perante as realidades mais adversas. À sua escala, parecem ser monumentos erguidos que nos remetem para formas de adoração ao desconhecido, ao que está para vir. O que aconteceu neste lugar e eventualmente no mundo é da nossa responsabilidade e se nestas imagens não encontramos vestígios da presença humana, descobrimos sinais da nossa tragédia. O movimento natural da Terra transforma e renova a vida. Este movimento perpétuo da água, que vai e volta, cria figuras de acaso, objetos que se apresentam diante de nós como figuras de um futuro provável.
Vista Local corresponde a cinco obras de arte pública não encomendadas, espalhadas em locais inesperados da Sétima Colina da capital portuguesa. José Batista Marques e João Cardoso Ribeiro tiveram como referência a dinâmica do turismo em Lisboa - Qual o impacto? Quais as consequências? É uma possibilidade de encontro e/ou separação entre culturas/povos? Através destas peças somos convidados a pensar nas transformações na fotografia e nos locais que visitamos e, principalmente, na forma como vemos e divulgamos estas imagens. Local View é a resposta ao desafio lançado pelo Espaço produções Cul.pa no âmbito do projeto Lisboa Tuk Tuk e está inserido na programação da 9ª edição do Bairro das Artes de Lisboa.
Somos cada vez mais atingidos pela sensação de Déjà Vu. A imagem está mais presente do que nunca nas nossas vidas através dos ecrãs que transportamos connosco. Nesta geração de Screenagers, vemos muitas vezes as mesmas coisas, numa espécie de vertigem visual que nos embriaga, nos limita e condiciona o nosso tempo de ver. Mas a sensação de repetição de um momento é, ao mesmo tempo, o que nos leva à perpetuação das mesmas imagens, no palimpsesto da facilidade do copiar/colar, ou seja, copiar e contornar imagens que gostamos. Este trabalho é uma reflexão sobre esse sentimento, mas é também um trabalho sobre a representação da realidade, nestes tempos em que olhar e fotografar são cada vez mais a mesma coisa. Esta é uma oportunidade para as pessoas olharem para a fotografia e para o interior das embalagens onde encontram o seu reflexo, A exposição é composta por um conjunto de fotografias e uma escultura modular feita de caixas de cartão. Existem vinte e quatro fotografias que representam situações de pessoas a olhar para o interior de caixas de cartão iluminadas por dentro, mas em alguma dessas fotografias vemos qual é o objeto para o qual essas pessoas estão a olhar? A escultura modular nas paredes convida-nos a descobrir o que está dentro de cada caixa de cartão e não é mais do que um espelho que reflete o movimento dos seus observadores. As pessoas fotografadas são observadas na galeria por outras pessoas enquanto olham para caixas de cartão... fechando assim o círculo numa repetição do que é representado nas fotografias. Desta forma, somos cada vez mais tomados pela sensação de Déjà Vu.